Skip to main content

Em celebração à data, saiba mais sobre quem atua diretamente na preservação da Amazônia, o maior refúgio de biodiversidade do planeta.

 

Você já parou para pensar no papel vital que as florestas desempenham no equilíbrio do nosso planeta? Como grandes pulmões verdes, elas regulam o clima, produzem oxigênio e sustentam a vida de milhões de espécies, inclusive a nossa. Mas se elas são tão essenciais, por que ainda não estão no centro das prioridades globais?

No Brasil, o Dia de Proteção às Florestas, celebrado em 17 de julho, reforça a urgência de preservar esse patrimônio natural, afinal, proteger nossas florestas é proteger o futuro. A data homenageia o Curupira, guardião das matas no folclore brasileiro, e chama atenção para a grandiosidade da Floresta Amazônica, que abriga cerca de 20% da fauna mundial, mais de 50 mil espécies de plantas e diversas comunidades tradicionais que vivem em equilíbrio com a floresta.

Dia de proteção a FlorestaMas quem são os verdadeiros guardiões desse território? Quais histórias vivem por trás da defesa da maior floresta tropical do mundo? Neste artigo, você vai conhecer algumas das lideranças que estão na linha de frente da luta pela Amazônia. Descubra quem são os Guardiões da Floresta Amazônica e como o turismo de base comunitária pode ajudar a manter viva essa missão:

Roberto Brito

De madeireiro a líder da comunidade ribeirinha Tumbira

Antigamente, quando Roberto olhava uma árvore, a primeira coisa que surgia em sua mente era o preço que poderia vender aquela madeira no mercado. Cada árvore tinha uma etiqueta com diferentes cifrões. Hoje, o cenário é diferente: a árvore, os rios, os animais, todos fazem parte de um ambiente no qual ele também é um participante vivo e ativo.

Aos 50 anos, Roberto Brito é um dos líderes da comunidade Tumbira, localizada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Rio Negro, Amazonas. Ele comanda pousadas que recebem visitantes interessados em vivências autênticas na Amazônia e guia outras atividades turísticas na comunidade.

Antes, eu via preço nas árvores, em tudo. Agora, entendo o significado de valor, do valor que a floresta tem na minha vida, destacou ele ao PlanetaEXO. Roberto organizou a comunidade para que todos participem dos roteiros, desde a produção artesanal até a culinária e a condução nas trilhas. Ele ressalta que o turismo de base comunitária não é apenas algo que deve fazer sentido para quem vive ali: é uma prioridade de todos. Afinal, os ribeirinhos não são apenas anfitriões, mas também fazem parte da própria natureza que se quer proteger.

Guardiões da Floresta Amazônica - Roberto Brito

Photo: Felipe Beltrame

Nilde Silva

Liderando um ecolodge no coração da floresta

Nilde Silva é ribeirinha nascida e criada em Acajatuba, na Amazônia, e fundadora da Caboclos House Ecolodge, uma pousada sustentável construída com materiais da floresta e operada por moradores locais. À frente do empreendimento, ela oferece experiências imersivas, que conectam os viajantes à cultura, à gastronomia e ao cotidiano ribeirinho com responsabilidade.

Reconhecida por seu protagonismo, Nilde venceu a tradicional Prova da Farinha em 2021 e foi premiada pelo Sebrae como Mulher de Negócios. O ecoturismo foi essencial para que ela conquistasse independência e, principalmente, mostrasse que é possível empreender na floresta com identidade e respeito.Por seu trabalho, Nilde é um exemplo de liderança feminina e inspiração para outras mulheres amazônidas, principalmente por sua luta pela preservação ambiental da Amazônia.

Juma Xipaya

Primeira mulher cacique entre os povos do médio Xingu

Muitas vezes, quando pensamos em um cacique, a figura masculina é a primeira associação ao nome devido anos de tradição no imaginário popular. Juma Xipaia mudou isso. Liderança indígena do povo Xipaya, ela foi a primeira mulher a se tornar cacique de sua aldeia, no Pará. Ganhou projeção internacional ao denunciar publicamente a presença do garimpo ilegal em seu território e passou a atuar como uma das principais vozes indígenas na defesa da Amazônia.

A líder também é coordenadora do Instituto Juma Xipaia e comunicadora, participando de eventos no Brasil e no mundo como mulher indígena e guardiã do Xingu. Recentemente, lançou o documentário “Yanuni”, do diretor Richard Ladkani, em parceria com o ator Leonardo DiCaprio. A produção conta a história de Juma e sua luta contra o minério e garimpo ilegal. Para Xipaya, proteger o território é preservar sua cultura, sua história e seu futuro.

@tribeca

Txai Suruí

Raízes, resistência e liderança global da Amazônia

Criada em meio à floresta, Txai Suruí cresceu entre cantos, rituais e os ensinamentos do povo Paiter Suruí, na Terra Indígena Sete de Setembro, em Rondônia. Filha de Almir Suruí, reconhecido líder indígena, ela carrega desde cedo a herança de luta e conexão com a natureza. Com presença serena e discurso firme, Txai se destacou como uma das principais vozes da juventude indígena brasileira. Sua atuação vai além das fronteiras da aldeia, unindo tradição, espiritualidade e mobilização política.

Ativista ambiental e defensora dos direitos dos povos originários, Txai tornou-se a indígena brasileira mais conhecida do mundo após discursar na abertura da COP26, em Glasgow. Foi a única brasileira a ocupar aquele palco, onde denunciou a violência contra os povos da floresta e o avanço do desmatamento na Amazônia. 

Em Rondônia, atua com iniciativas de proteção territorial e fortalecimento das lideranças jovens. Dessa forma, Txai representa uma geração que resiste com sabedoria e, ao mesmo tempo, fala com o mundo sem perder as raízes.

Dia de proteção a Floresta - Txai Suruí

@levitapuia

Izolena Garrido

Transformação e preservação através da arte

Professora, Izolena Garrido fundou uma oficina na comunidade Tumbira porque acreditava no poder da arte e dos saberes tradicionais em gerar oportunidades de transformação. Em sua casa, criou um espaço onde produz biojoias e peças artesanais com sementes e pigmentos naturais, acolhendo meninas e meninos em situação de vulnerabilidade. Para ela, proteger o seu povo é também proteger a floresta. 

Ali, a natureza conversa entre si e todos os fatos são conectados, desde o cair da chuva até os viajantes que passam pela oficina e conhecem o trabalho de Izolena. “Tudo é um ciclo. Para termos as sementes que usamos no artesanato, precisamos da chuva, da água do rio, da terra. Se uma coisa para, isso não acontece. Precisamos manter.”, explica a professora. 

Atualmente, Izolena é uma das líderes da comunidade e também referência em iniciativas que unem arte, educação e preservação no contexto ribeirinho. Suas peças já foram expostas na São Paulo Fashion Week, maior semana de moda brasileira, e o projeto recebe apoio de marcas como a Louis Vuitton. Para Izolena, a arte pode agir como um curador de traumas, fortalecendo a autoestima e o vínculo com o território.

José Pancrácio

Cacique da comunidade Nova Esperança

José Pancrácio é o cacique da comunidade indígena Nova Esperança, localizada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Puranga Conquista, Amazonas, e uma das principais lideranças do povo Baré. Ele atua na linha de frente de ações que unem preservação ambiental, turismo de base comunitária e educação. Sob sua liderança, a comunidade realiza projetos como a soltura de filhotes de tartaruga-da-Amazônia, fortalecendo o compromisso coletivo com a preservação ambiental.

Desde novo, José entendeu que não havia outra forma de mudança e manutenção do legado cultural do seu povo se não pela educação das crianças. Entre as conquistas mais simbólicas está a construção da escola da comunidade, viabilizada com recursos arrecadados por meio do ecoturismo. A renda gerada pelas visitas foi essencial para garantir a estrutura do prédio, com salas de aula e materiais básicos.

Para Pancrácio, o ecoturismo contribui diretamente para melhorar a vida de quem cuida da floresta todos os dias. Mais do que tudo, ele explica a importância de relações de troca cultural: quando os turistas chegam na comunidade, é sempre um grande prazer mostrar a história e tradição do povo Baré.

Líder da comunidade indígena de Nova Esperança - Cacife José Pancrácio

Photo: Isadora Sá

Daniel Gutierrez Govino

Uma brigada florestal para proteger a floresta

Daniel Gutierrez Govino é fundador da Brigada Florestal Comunitária de Alter do Chão, no Pará. Desde 2017, ele mobiliza moradores locais para prevenir e combater incêndios na floresta, com apoio de bombeiros, Defesa Civil e parceiros como o World Wide Fund for Nature (WWF). A brigada atua com técnicas mistas, drones e comunicação em rede, sendo referência em ação comunitária frente às queimadas na Amazônia.

Além da resposta emergencial, Daniel aposta na formação de brigadistas e na educação ambiental como caminhos para fortalecer o protagonismo local. Para ele, proteger a floresta começa com quem vive nela. Por conta disso, sua atuação também ganhou visibilidade internacional, com participação na COP26 e apoio de organizações de direitos humanos e ambientais.

Como ajudar a proteger a floresta?

No PlanetaEXO, acreditamos que cada viagem pode gerar impacto positivo e preservar o meio ambiente onde vivemos. Nossa missão é conectar você a experiências autênticas e sustentáveis, promovendo o ecoturismo de base comunitária na Amazônia e em outros destinos naturais brasileiros. Selecionamos aventuras que respeitam o meio ambiente e fortalecem quem vive nessas regiões, incluindo os guardiões da Floresta Amazônica. 

Uma forma de também apoiar essa causa é através de projetos de conservação na Amazônia, promovidos por algumas entidades como o Instituto Socioambiental (ISA) e a Fundação Amazônia Sustentável (FAS). Ambos atuam há décadas na proteção da floresta e dos povos tradicionais, e recebem doações para seguir com esse trabalho essencial. A Amazônia sustenta o clima, abriga milhões de vidas e guarda a história de povos originárias: defendê-la é um compromisso coletivo.

Leia mais: